REVER produziu “Laerte”

REVER produziu “Laerte”

O cineclube ampliou sua área de atuação e produziu um mini-documentário sobre o cartunista Laerte Coutinho, o filme foi realizado por André Gajardoni, Guilherme Nasser e Thiago Mattar. A homenagem foi apresentada ao público e ao próprio homenageado na última quinta-feira, 21, ilustrando o debate com Caco Galhardo e Laerte, que participaram da V Semana de Comunicação promovida pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Com depoimentos de Angeli, Allan Sieber, Jubran, André Dahmer e Denyse Cantuária, o filme é um recorte urgente que aborda a nova fase da vida e obra de um dos maiores cartunistas brasileiros. Assista ao mini-documentário:

 

por Thiago Mattar

Abraços Partidos é bom, mas…

Abraços Partidos é bom, mas…

 

O legal deste filme é o filme dentro do filme, “Garotas e Malas” mostra muito bem referências às comédias kitsch americanas dos anos 50 e serve como uma diversão do público e respiro também da quantidade de simbolismos. Como eu disse, a metalinguagem presente em Abraços Partidos cansa, e como.  Abraços Partidos é o filme em que o espanhol acaba confirmando de vez, a substituta de Carmem Maura. Penélope Cruz, está como sempre incrível, apesar de não gostar de “Volver”, não sei dizer o porque, apenas não me senti empolgado em nenhum momento, em Abrazos Rotos, me senti, mesmo com sono, bem interessado em todas os momentos do filme que traz sua fotografia colorida como Pedro fez em “Fale com Ela”. Porém o novo filme de Almodóvar é preso no roteiro de uma forma que faz com que ele parece de certo modo superficial, digo isso sobre as cenas dramáticas em que os personagens parecem tentar um sofrimento maior do que a construção narrativa proporciona realmente. … é tranquilo. Dá-se claro para ver a marca de Almodóvar, mas para quem já assistiu “Má Educação”, “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Fale com Ela”, vê se claramente a saturação da metalinguagem usada pelo diretor neste novo filme.

Agora não se esqueça que Almodóvar construiu sua marca e seus simbolismos, faz muito tempo. O passo a passo é, veja os filmes do diretor desde os primeiros, o terceiro filme dele é uma das melhores comédias que já vi: “Maus Hábitos”, é onde começa de verdade a crítica ao catolicismo presente em quase todos os seus filmes.

Eu diria que Almodóvar se acertou em “Carne Trêmula” de 97, depois disso só vieram coisas boas, até chegar no melhor dele -em minha opinião- “Fale com Ela”, que é onde a fotografia não traz nada de novo, mas que dança conforme a música que é outra coisa fora do normal. Caetano Veloso participa do filme cantando ao  público a música “Cucurrucucú Paloma”. As trilhas e músicas espanholas causaram uma reflexão introspectiva que se acoplaram as belíssimas cenas de tourada . E tem muito mais que supera as expectativas, o roteiro (não por menos, venceu Oscar), atuações, e os simbolismos controlados, fazem de “Fale com Ela” uma obra-prima. Sem contar a cena do cinema-mudo, onde o homem entra dentro da vagina de sua mulher. É o maior simbolismo do filme, como é a melhor cena dele…

Antes de “Fale com Ela” Almodóvar lançou o filme em homenagem às mães, um dos filmes mais emocionantes dele, e espetacularmente bom “Tudo Sobre Minha Mãe” Depois disso, veio “Má Educação”, genial. E aí, em 2006 chegou “Volver” e agora chegou “Abraços Partidos”…Eu diria que Almodóvar chegou ao vértice de sua parábola filmográfica entre os anos de 1997 e 2004.

Não veja Abraços Partidos sem ver o filet mignon de Almodóvar…

por Guiherme Nasser

Aceite o Mistério

Aceite o Mistério

O novo filme dos Coen é cínico.

Carregado de um humor afiado e poéticamente trágico, “Um homem sério”  chega com classe: Indicado a dois oscar (Melhor filme e Melhor roteiro original).
A comédia gira em torno de um paralelo entre conceitos morais de algo exterior – no caso o judaísmo –  e a vida sem doutrinas e maiores consequências.
A frase que me veio a cabeça logo após o final do filme foi a de Rosseau: “ O homem nasce bom e a sociedade o
corrompe”

Garry Lapnik, é um professor íntegro, pai de família que começa ver sua vida desmoronar em problemas. Sua mulher abertamente lhe comunica sobre o envolvimento dela com um amigo da família e o expulsa de casa. Garry deixa a casa e tem que levar junto para um motelzinho barato seu irmão problemático.
Seus filhos são adolescentes normais, eu diria. Ele é viciado em maconha e ela um garota fútil que só pensa em lavar o cabelo.
Garry então se depara com o maior problema do filme, o suborno de um aluno coreano reprovado em Física. A clássica ironia dos diretores. E é aí, que ele precisa rever seus conceitos e começar a quebrar todo o moralismo judaico envolto em sua integridade até aqui.
O roteiro é muito bom e é grande candidato ao Oscar, mas acredito que não ganhe, e que ele fique nas mãos do Tarantino.

No desempenho técnico do filme, normal, bem feito, mas nada demais, sem marca autoral de direção, estético ou fotográfico. Os irmãos Coen são ótimos roteiristas e bom diretores.
Diferente da última comedia “Queime depois de ler”, “ Um homem sério” é calmo, inteligente, ácido, o que se aproxima mais a “Matadores de Velhinhas” .
Observamos que Garry, agora numa visao mais sociológica, mas sem pretensões, por favor, é um homem doutrinado , que tem o superego afiado, que se pune em pensamento e que precisa ser “ruim” na concepção do personagem para dar um jeito em seus problemas.
Talvez o grande segredo do filme e da vida de Lapnik, é a frase dita pelo Rabino Junior – ironia presente novamente no roteiro – quando aconselha Garry dizendo que precisa enxergar a vida de uma nova perspectiva.
Um ótimo filme.

Quanto a cena inicial, não pense que está no filme errado, apenas aceite o mistério.

Jefferson Airplane é uma banda dos anos de 1960, que participou do festival de Woodstock, e é um dos personagens importantes dessa filme:

por Kate Ferry

Tokyo, Freak Tokyo!

Tokyo, freak Tokyo!

O filme é formatado pelo clássico Contos de Nova York, mas agora na capital japonesa. Ao contrário do filme nova-iorquino em Tokyo, eles não estão preocupados em homenagear a cidade. Eles, eu digo, são os três diretores.

Michel Gondry e seu curta “Interior Design” conta a história de um casal que chega a cidade, ele é um aspirante a cineasta, ela não faz nada. Eles moram de favor na casa de uma amiga. Conforme vai passando o tempo a cidade com seu capitalismo inserido em cada minuto do relógio desumanizador das pessoas, acaba influenciando o novo casal que ali chegara. Ela então precisa ser útil de alguma forma, e vira uma cadeira. Mas ela vira uma cadeira da forma que Gondry faria ela virar uma cadeira. O realismo fantástico do francês não precisa de uma contextualização, tudo é normal, inclusive uma mulher virando uma cadeira. Depois de virar uma cadeira, o filme poderia ter terminado mas ainda restam alguns minutos que não gostei. No entanto o filme de Michel Gondry é baseado fielmente em no quadrinho de Gabirelle Bell “Cecil and Jordan in New York”.

Interior Design é puro Michel Gondry Merde é o melhor de Tokyo! O filme de Leos Carax é sobre o freak que invade a cidade e toca o puteiro, morador do esgoto, Merde sai as vezes para as ruas, parecendo ser somente um “chato” até o momento em que ele começa a ganhar destaque na mídia – outro fator japonês poderoso mostrado no filme – e então resolve sair de seu esconderijo e bombardear a cidade.

Seu julgamente é traduzido por um estranhíssimo, que é o único que entende o que Merde fala. A sua condenação mobiliza parte da população, que bombardeada pela mídia, transforma Merde em herói. Mas em vão. O julgamento do freak é totalmente racional por parte do governo, e emocional por sua parte. O filme é engaçado e estranho ao mesmo tempo. Por fim Merde acaba de certa forma como Jesus Cristo. Enforcado ele morre, e depois, na forca não tem mais ninguém.

Por fim, e não por acaso, o filme que mostra um pouco mais a tranquilidade da cidade e o jeito introspectivo dos japoneses é o pior. Shaking Tokyo de Bong Joon-ho mostra um hikikomori, que são pessoas que se desligam da sociedade e mantém-se sozinhos. O personagem está há 10 anos vivendo sem contato com pessoas, somente com entregadores de pizza, mas sem manter contato visual. Até então o dia em que uma entregadora de pizza aparece com uma cinta liga, e ele cede à sua filosofia de vida. No filme do diretor sul-coreano essa ideia de “o amor é maior que tudo” é oculto desde o início e tava na cara, que o amor iria tirar o personagem de sua rotina. Mas achei tudo muito piegas, clichêzinhos bem toscos, etc. Mas a crítica gostou bastante, dizendo que os dois diretores franceses mostraram um caráter mais superficial sobre a cidade, e o sul-coreano, por motivos geográficos ficou mais à vontade. Talvez seja por isso que eu, ocidental, tenha gostado mais do filme de Gondry e Carax ao filme de Joon-ho.

Assistam ao trailer do filme, ao som de Tokyo Police Club, é um show à parte.

 

por Guilherme Nasser

REVER apresentou “Loki – Arnaldo Baptista”

Nessa última quinta-feira, 07/10, o cineclube apresentou “Loki – Arnaldo Baptista”, filme que encerrou a mostra DOCUMENTÁRIO MUSICAL.

André Saddy, produtor executivo, conta que o documentário nasceu de um especial para a televisão do Canal Brasil, onde trabalham ele e o diretor Paulo Henrique Fontenelle. Contando com a ajuda dos fãs de Arnaldo Baptista, o programa de TV transformou-se num documentário de 2 horas e 40 minutos, posteriormente reduzido para 120 minutos. O filme conta com depoimentos preciosos de nomes da música, amigos e admiradores do eterno mutante. Com imagens de arquivo, entrevistas e flagrantes da vida íntima do roqueiro, Loki é um retrato sensível capaz de emocionar até os que não conhecem a história dos Mutantes. O reconhecimento veio não só dos fãs, mas de todo o público através das premiações nos festivais de cinema do Rio e de São Paulo em 2008.

Após a exibição, o cineclube promoveu um debate com André Saddy, Antonio Peticov e Zé Brasil, com mediação de André Arruda. A discussão rendeu momentos engraçados e revelações profundas das vivências dos anos 60 e 70. Ao fim do debate, eis que Zé e sua mulher, Silvia Helena, pegam seus violões e tocam algumas músicas da época para a galera. Um pouco do que aconteceu naquela noite pode ser visto nos vídeos abaixo:

PARTE I

PARTE II

 

Por Isabella Morselli

Especial Gus Van Sant – Paranoid Park

Especial Gus Van Sant – Paranoid Park



Paranoid Park é um filme baseado no livro homônimo de Blake Nelson, e conta a história de um jovem adolescente skatista que acidentalmente mata um segurança.

É o longa que Gus Van Sant mais trata da alienação jovem e as sensações que imperam na cabeça dos adolescentes. É um filme minimalista de baixo orçamento e claro não atores.

Paranoid Park é o nome dado a pista de skate onde os que lá estão, estão para esquecer por algum momento os problemas que cercam sua vida, e com o jovem Alex é a mesma coisa incluindo a vontade de perder o medo de um local considerado ameaçador por ele.

A narrativa mescla o passado e o presente e a construção não é comum como em filmes de assassinato que nos preocupamos em saber como solucionado foi o crime, ou como ele procedeu a partir do momento em que ele foi descoberto. O enfoque é nas atribuições em que a mente alienada e desconectada com o presente são mostradas através das cenas em que não apenas observamos as ações dos personagens, e quase não ouvimos relatos ou demonstrações de sentimentos por palavras. Paranoid Park é assim, um local onde existe ação, sentimento, nostalgia, tempos, e nenhuma relação entre os lá presentes. As cenas, acredito eu, que sejam em super 8, em que são mostradas as performances dos skatistas na pista, é o mais realista possível, como um vídeo que podemos encontrar na espn ou algo assim. Talvez essa interação entre o comum e a ficção nos deixe a impressão de que estamos todos vulneráveis a certas consequências que pagamos por enfrentar nossos medos.
Alex não mantém uma relação com as pessoas à sua volta, claramente vemos ele sozinho lutando contra suas deficiências morais, e seus conflitos internos. A única relação que ele mantém estável é com a carta onde ele conta o ocorrido, mas que não sabemos pra quem será mandada, ou se alguém um dia lerá aquilo, e o não interessa também.

Gus Van Sant usa com genialidade a música, as sequências longas, é claro, os enquadramentos – ponto novamente para o fotógrafo Christopher Doyle –  e o mais bonito de todos em PP, a câmera lenta. A melhor cena do filme e a que mais nos deixa agoniados com aquele sofrimento injusto é a do banho. A câmera lenta mostra Alex claramente sozinho contra a agonia interna de ter cometido um assassinato.

Paranoid Park está na minha lista dos melhores do século 21, com certeza, é o filme mais doce, mais triste, não propriamente como a palavra oferece seu significado, pois bem. Genial e nos mostra quão vulnerável somos, e como alguns detalhes nos prendem ao nosso maior inimigo, nós mesmos.

Aqui, eu encerro o especial sobre esse fantástico diretor. Espero que se você gostou dos textos, assista às obras maravilhosas de Gus Van Sant, e prepare-se para conhecer o cinema mais realista de nossos tempos. Bom filme.


por Kate Ferry

UMA OUTRA CARA DO CINEMA FRANCÊS

UMA OUTRA CARA DO CINEMA FRANCÊS

Saímos eu e o Alex a fim de comer um risoles de presunto e queijo na Bella Paulista, como não existe outro igual, fizemos as 2 baldiaçõesmetropolitanas e enfim nos deparamos com uma fila imensa, tão grande a ponto dedesistirmos do salgado e apelar ao McDonalds, como sempre. (nem é apelação, naverdade). Aí resolvemos passar no cinema e ver o que estava em cartaz.

Um dos melhores filmes que eu vi este ano.  As expectativas estavam altas já que 3 mesesatrás eu vi o trailer e me chamou a atenção os dizeres: “Melhor filmeescolhido pelo Juri de Cannes por unanimidade” POR UNANIMIDADE. Então nãotinha como as expectativas estarem baixas. E isso é um perigo.

O filme se passa quase inteiro na cadeia e a sensação é realmente declaustrofobia daquela linguagem já conhecida de filmes que se passam empenitenciárias. Mas algumas diferenças fazem o filme ser tão excitante.Começando pela estreia do talentosíssimo ator Tahar Rahim como protagonista.Ele interpreta Malik, que foi condenado a 6 anos de prisão e lá dentro encontrauma proteção  forçada de Italianos daCórsega que interpretam os Corleone do local. O filme não deixa nada devendo a estes clássicos da máfia, traz presentetodos os elementos, como a hierarquia, a traição, o faz-de-tudo, o puxa-saco,  o manda-chuva, etc.

Interessante saber que o filme ambienta-se em uma época de mudança demoeda na Europa e as relações de povos diferentes dentro da cadeia ,  metaforizam a dificuldade de lidar com asmudanças sócio-políticas. Ao ser preso, Malik deixa uma nota de 50 francosconfiscada. Ele, por sua proteção envolve-se com os Corsos, os quais não oaceitam como parte deles, mas sim como um Árabe empregado sujo. Por parte dosárabes, Malik é um traidor e já é um Corso. Passado um tempo ele parece criaruma relação de confiança com o manda-chuva, quando aí vem a surpresa: além desuas tarefas externas a mando dos italianos em dias de induto, ele começa acriar seu meio de ganhar dinheiro, um esquema de tráfico de maconha com maisdois parceiros: um dentro, e um fora da cadeira. O que no final vira seu grandegolpe contra seu chefe, que já não tem a mesma força ali dentro.

O diretor Jacques Audiard fica com os méritos de um roteiro extremamentedetalhado e de uma preocupação, detalhada também, com a estrutura narrativa.Sem citar as músicas pop em inglês e os letreiros que o Tarantino fez pra ele. Sem esquecer também as belíssimas cenas de ação em camera lenta. Cenas de ação que chegam a se tornar principais, diiferente para um filme francês, cenas  que chegam a lembrar  “Scarface”. Não conhecia seu trabalho, jáouvi falar de seu outro filme “De tanto bater, meu coração parou” masnunca vi, vou assistir, mas confesso que estou ansioso para seu próximo filme.Agora, o mais incrível de tudo é perceber a sutileza como Audiard faz de Malik,o Maomé ou qualquer outro Deus daquela história, em alguns momentos isso se fazclaro,  por exemplo quando ele ouve umconselho de seu amigo com câncer que cita Maomé como o condutor da verdade e daJustiça, ou quando ele comete sua traição e paga seus pecados na solitária, episódio entitulado de 40 dias e 40 noites por Audiard, e até mesmo no final emque Malik caminha porta afora da cadeia e traz com eles seus carros apóstolospretos do esquema que agora, ele lidera em liberdade.

Na saída, Malik recebe sua nota de 50 francos que não vale mais nada.

Na saída, eu e Alex encontramos dois amigos e resolvemos beber e conversarsobre o filme. Esse dia ficou conhecido como “O dia em que acabou acerveja na Rua Augusta” (e o risoles de presunto e queijo, enfim, foiingerido as 4 da manhã)

por Guilherme Nasser

Mesa fechada para o debate

MESA DO DEBATE (07/10/2010)

por Thiago Mattar

(performance musical de Zé Brasil e Silvia Helena/ mediação: André Arruda)

Os Monstros de Jonze

OS MONSTROS DE JONZE

Baseado em um livro infantil, escrito em 1963 por Maurice Sendak e publicado no Brasil somente no ano passado, de 40 imagens e 9 frases, Onde Vivem Os Monstros, é uma análise um pouco mais densa sobre a maturidade das crianças.

Eu estava indo ao cinema e acabei pegando uma chuva como era de se esperar nessa época aqui em São Paulo, faltavam 10 minutos para o filme quando cheguei ensopado a bilheteria e logo depois fui me trocar no banheiro (a sorte era ter outra roupa na mochila) e entrei esperando me divertir. Na sala umas 10 pessoas, entre elas, 4 senhores espalhados pelo cinema sozinhos e prestando muita atenção nos trailers… Ah eu tinha comprado uma fanta laranja antes de entrar. Spike Jonze, diretor do grande filme Quero Ser John Malkovich, começava bem, a “opening scene” foi grandiosa. Pronto, já estava me divertindo…

O livro de Sendak, na época foi alvo de críticas ofensivas e chegou a ser tirado das livrarias em alguns lugares, pois é um livro anormal ao universo infantil, ele não tem uma “moral da história” e não chega perto de querer educar as crianças em bons modos cristãos. Enfim, o livro trata a maturidade de um jovem que é mandado para a cama sem jantar e cria uma floresta em seu quarto, onde lá é criado um mundo novo onde vivem monstros e ele é o rei. No filme, é claro, Jonze muda alguns aspectos da história e escreve um roteiro “quase original” vamos dizer assim, mas não tira a essência do livro. A verdade é que Jonze explicitou a rebeldia, a solidão, o mergulho na mente de uma criança altamente criativa que se sente ignorada. A neve no começo do filme ajuda a mostrar que nada ali é divertido, além do iglu que Max constrói para tentar se divertir, ao ser ignorado por sua irmã, ele tenta chamar a atenção dela e de seus amigos jogando bolas de neve e começando uma “guerra” e é repreendido pelos meninos mais velhos que destroem seu iglu. Depois disso Max sente ciúmes da Mãe e seu novo amigo, e tentando chamar atenção mais uma vez é repreendido mais uma vez, e então foge de casa. E o que mais tem no filme é Max correndo e a câmera na mão o acompanha (aliás a câmera na mão é um dos pontos técnicos mais altos do filme). É então que Max foge pelo mar com seu barco, enfrenta grandes tempestades e chega a uma aldeia no alto de uma montanha que escala. Lá é onde vivem os monstros e logo Max se torna rei daquele lugar. É claro que existem alguns simbolismos que não passam despercebidos, e o mais importante é a personalidade de cada criatura que nada mais são do que manifestações da personalidade do garoto. Carol é naturalmente com quem Max mais se identifica, pois ele é o egocêntrico da turma, o comandante, o chefe até agora, e que quando é desconfiado pelos outros se mostra frágil e orgulhoso.


Um conto de fadas anormal, estranho, e muito bem executado pela equipe de Jonze, o fotógrafo Lance Acord, o mesmo de Being John Malkovich, dá a esse mundo fantástico uma naturalidade e deixa tudo que vemos, poético, como deve ser. Na música, Karen O, ex namorada de Jonze, e vocalista do Yeah Yeah Yeahs, deixa o filme mais emocionante ao emplacar as canções com crianças cantando junto, nos momentos de mais ação e liberdade das cenas. A escolha do ator foi um processo que Jonze demorou para terminar, e no finalzinho acabou achando essa raridade, Max Records, é um ator brilhante, seguro, soube criar uma relação insubstituível com a história e com os atores. Max Records é comparado, por seu estilo de atuação frente às câmeras a Sean Penn, mas aí é outra história. Ótimo ator e certo para o papel.
Onde Vivem os Monstros é absolutamente recomendado, e para todo mundo, pois como diz o trailer: “dentro de nós está tudo que você já viu, tudo que você já fez, todos que você já amou. Há um dentro de todos nós”
O filme, como o livro, é composto por metáforas da maturidade infantil e de como ela se desenvolve enfrentando problemas constantes. Os monstros são os sentimentos de Max, e ele ao tentar dominá-los, virando rei, acaba saindo derrotado, e é quando ele percebe que não existe mais ali, lugar para ele.

Terminou o filme e meu cabelo estava seco. E ao olhar pra trás, vi um senhor que sentado sozinho, enxugava as lágrimas.

por Isabella Morselli

Notícias da produção de “Loki”

Salve, pessoal!

Dia 7 de outubro faremos nossa segunda exibição. O filme dessa vez é o ‘Loki’, documentário musical que conta a história do ex-mutante Arnaldo Baptista. Com a colaboração de Sérgio Dias, Gilberto Gil, Tom Zé, Antonio Peticov, Kurt Kobain, Lobão Sean Lennon, e outros, a cinebiografia de um dos maiores nomes do rock nacional é contada através de depoimentos de amigos, artistas e do próprio.

Para o debate, temos confirmadas duas presenças: Antonio Peticov, artista plástico, amigo de Arnaldo de longa data e um dos participantes do filme; e Zé Brasil, ex-parceiro de Arnaldo no embrião da Patrulha do Espaço, um sobrevivente dos anos 60, músico envolvido com o nascimento da Tropicália e um dos primeiros a fazer rock progressivo em solo brasileiro à frente da banda Apokalypsis. Zé disse que viria acompanhado de sua mulher Silvia Helena… e de seu violão. Só no aguardo pra ver o que vai ser isso!

Estamos esperando a confirmação de outros convidados para participarem da mesa junto aos outros dois. O Paulo Henrique Fontenelle, diretor do filme, apoiou nossa iniciativa e disse estar lisonjeado com nosso convite. Ele aceitou a proposta, mas mora no Rio e não pode vir no dia 7. Teríamos que remarcar a sessão e… mal sabe ele da burocracia que é o Mackenzie para isso. Ficou combinado então que ele virá numa outra ocasião, e agora estamos convidando  André Saddy, o produtor do documentário.

Quanto à mediação, vamos convidar o Prof. Fernando Moraes, mas, caso ele não esteja disponível, ficaremos felizes em contar com os professores Fernando Pereira ou André Arruda. Sérgio Rizzo e Denise Paiero são outros dois professores que também apadrinharam nosso projeto e, assim que tiverem agenda, vão ter sua participação no REVER.

O Loki vai encerrar a mostra de tema ‘Documentário Musical’ (que contou também com o filme ‘Uma Noite em 67’). Esperamos que tudo corra bem e contamos com a sua presença.

Até lá! Fiquem ligados no blog para mais novidades.

 

por Kate Ferry