Tokyo, Freak Tokyo!

Tokyo, freak Tokyo!

O filme é formatado pelo clássico Contos de Nova York, mas agora na capital japonesa. Ao contrário do filme nova-iorquino em Tokyo, eles não estão preocupados em homenagear a cidade. Eles, eu digo, são os três diretores.

Michel Gondry e seu curta “Interior Design” conta a história de um casal que chega a cidade, ele é um aspirante a cineasta, ela não faz nada. Eles moram de favor na casa de uma amiga. Conforme vai passando o tempo a cidade com seu capitalismo inserido em cada minuto do relógio desumanizador das pessoas, acaba influenciando o novo casal que ali chegara. Ela então precisa ser útil de alguma forma, e vira uma cadeira. Mas ela vira uma cadeira da forma que Gondry faria ela virar uma cadeira. O realismo fantástico do francês não precisa de uma contextualização, tudo é normal, inclusive uma mulher virando uma cadeira. Depois de virar uma cadeira, o filme poderia ter terminado mas ainda restam alguns minutos que não gostei. No entanto o filme de Michel Gondry é baseado fielmente em no quadrinho de Gabirelle Bell “Cecil and Jordan in New York”.

Interior Design é puro Michel Gondry Merde é o melhor de Tokyo! O filme de Leos Carax é sobre o freak que invade a cidade e toca o puteiro, morador do esgoto, Merde sai as vezes para as ruas, parecendo ser somente um “chato” até o momento em que ele começa a ganhar destaque na mídia – outro fator japonês poderoso mostrado no filme – e então resolve sair de seu esconderijo e bombardear a cidade.

Seu julgamente é traduzido por um estranhíssimo, que é o único que entende o que Merde fala. A sua condenação mobiliza parte da população, que bombardeada pela mídia, transforma Merde em herói. Mas em vão. O julgamento do freak é totalmente racional por parte do governo, e emocional por sua parte. O filme é engaçado e estranho ao mesmo tempo. Por fim Merde acaba de certa forma como Jesus Cristo. Enforcado ele morre, e depois, na forca não tem mais ninguém.

Por fim, e não por acaso, o filme que mostra um pouco mais a tranquilidade da cidade e o jeito introspectivo dos japoneses é o pior. Shaking Tokyo de Bong Joon-ho mostra um hikikomori, que são pessoas que se desligam da sociedade e mantém-se sozinhos. O personagem está há 10 anos vivendo sem contato com pessoas, somente com entregadores de pizza, mas sem manter contato visual. Até então o dia em que uma entregadora de pizza aparece com uma cinta liga, e ele cede à sua filosofia de vida. No filme do diretor sul-coreano essa ideia de “o amor é maior que tudo” é oculto desde o início e tava na cara, que o amor iria tirar o personagem de sua rotina. Mas achei tudo muito piegas, clichêzinhos bem toscos, etc. Mas a crítica gostou bastante, dizendo que os dois diretores franceses mostraram um caráter mais superficial sobre a cidade, e o sul-coreano, por motivos geográficos ficou mais à vontade. Talvez seja por isso que eu, ocidental, tenha gostado mais do filme de Gondry e Carax ao filme de Joon-ho.

Assistam ao trailer do filme, ao som de Tokyo Police Club, é um show à parte.

 

por Guilherme Nasser

Deixe um comentário