Abraços Partidos é bom, mas…

Abraços Partidos é bom, mas…

 

O legal deste filme é o filme dentro do filme, “Garotas e Malas” mostra muito bem referências às comédias kitsch americanas dos anos 50 e serve como uma diversão do público e respiro também da quantidade de simbolismos. Como eu disse, a metalinguagem presente em Abraços Partidos cansa, e como.  Abraços Partidos é o filme em que o espanhol acaba confirmando de vez, a substituta de Carmem Maura. Penélope Cruz, está como sempre incrível, apesar de não gostar de “Volver”, não sei dizer o porque, apenas não me senti empolgado em nenhum momento, em Abrazos Rotos, me senti, mesmo com sono, bem interessado em todas os momentos do filme que traz sua fotografia colorida como Pedro fez em “Fale com Ela”. Porém o novo filme de Almodóvar é preso no roteiro de uma forma que faz com que ele parece de certo modo superficial, digo isso sobre as cenas dramáticas em que os personagens parecem tentar um sofrimento maior do que a construção narrativa proporciona realmente. … é tranquilo. Dá-se claro para ver a marca de Almodóvar, mas para quem já assistiu “Má Educação”, “Tudo Sobre Minha Mãe” e “Fale com Ela”, vê se claramente a saturação da metalinguagem usada pelo diretor neste novo filme.

Agora não se esqueça que Almodóvar construiu sua marca e seus simbolismos, faz muito tempo. O passo a passo é, veja os filmes do diretor desde os primeiros, o terceiro filme dele é uma das melhores comédias que já vi: “Maus Hábitos”, é onde começa de verdade a crítica ao catolicismo presente em quase todos os seus filmes.

Eu diria que Almodóvar se acertou em “Carne Trêmula” de 97, depois disso só vieram coisas boas, até chegar no melhor dele -em minha opinião- “Fale com Ela”, que é onde a fotografia não traz nada de novo, mas que dança conforme a música que é outra coisa fora do normal. Caetano Veloso participa do filme cantando ao  público a música “Cucurrucucú Paloma”. As trilhas e músicas espanholas causaram uma reflexão introspectiva que se acoplaram as belíssimas cenas de tourada . E tem muito mais que supera as expectativas, o roteiro (não por menos, venceu Oscar), atuações, e os simbolismos controlados, fazem de “Fale com Ela” uma obra-prima. Sem contar a cena do cinema-mudo, onde o homem entra dentro da vagina de sua mulher. É o maior simbolismo do filme, como é a melhor cena dele…

Antes de “Fale com Ela” Almodóvar lançou o filme em homenagem às mães, um dos filmes mais emocionantes dele, e espetacularmente bom “Tudo Sobre Minha Mãe” Depois disso, veio “Má Educação”, genial. E aí, em 2006 chegou “Volver” e agora chegou “Abraços Partidos”…Eu diria que Almodóvar chegou ao vértice de sua parábola filmográfica entre os anos de 1997 e 2004.

Não veja Abraços Partidos sem ver o filet mignon de Almodóvar…

por Guiherme Nasser

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