Hannah e Suas Irmãs, Woody Allen

Hannah e Suas Irmãs, Woody Allen


Escolhi esse DVD de Hannah e Suas Irmãs como minha indicação dessa semana. Esse filme marca bem o período de auge da carreira do diretor. Allen surgiu com essa obra prima em 1986, após ter sido aclamado por Zelig e A Rosa Púrpura do Cairo.

Neste clássico, o judeu mais excêntrico de todos conseguiu reunir um dos elencos femininos mais brilhantes do cinema, um destaque especial para as atuações de Mia Farrow (sempre genial) e Dianne Wiest (surpreendente). Uma parcela da crítica insiste em dizer que o diretor faz o mesmo filme há quase trinta anos e que para ele o cinema é uma terapia freudiana infindável. Bom, em partes isso é verdade. Mas é sempre bom ver o que ele está fazendo de novo ou de velho, sempre.

Allen tem, ultimamente, se metido em grandes enrascadas, sua fase européia tem rendido ótimos e péssimos filmes. Dessa última safra, os que agradam mais aos fãs tradicionais são: o elegante/operístico “Match Point” e o Almodovariano “Vicky Cristina Barcelona”. Woody diverte com seu olhar outsider, mas exagera tanto em seu deslumbramento pela Europa que acaba caindo nos clichês e fotografando como quem fotografa cartões-postais, mas em um aspecto todos os críticos da filmografia de Woody Allen acabam concordando: ninguém fotografa as cores e os cantos de Nova Iorque com tanta sensibilidade e talento quanto ele. Talvez por isso mesmo ele tenha voltado para sua cidade/musa em Tudo Pode Dar Certo. Já no polêmico e duramente criticado Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos, que estreou no Brasil essa semana, o diretor volta a ambientar suas crônicas amorosas na Europa, continente onde tem conseguido mais financiamento para seus projetos anuais.

Hannah é um filme que tem tudo para quem quer conhecer o estilo nova-iorquino do diretor. Tem o drama, o neurótico-hipocondríaco, os diálogos divertidos e os monólogos filosóficos.

A fórmula perfeita de Allen, uma dose cavalar de humor refinado misturada a gotas homeopáticas de melancolia e tragédia. Uma boa pedida para essas tardes embaladas pela chuva.

por Isabella Morselli

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