O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks

O Jovem Frankenstein, de Mel Brooks


As comédias de Mel Brooks são ácidas, cáusticas e possuem um refinamento crítico ímpar. Mas, ao mesmo tempo, trazem o charme pastelão das clássicas performances humorísticas de Peter Sellers, Jacques Tati, Chaplin e Buster Keaton. São inúmeras referências que Brooks traz na bagagem. A mais interessante é a influencia dos clássicos filmes de terror, os primeiros filmes de mistério da Universal dirigidos por James Whale e datados do início dos anos 30. Em O Jovem Frankenstein (1974), a minha indicação de hoje, há claras citações das sequências mais emblemáticas de Frankenstein (1931) e A Noiva de Frankenstein (1935).


O roteiro é recheado de sátiras aos maiores clichês do gênero e é cultuado como uma das comédias mais bem sucedidas da história do cinema, tanto por sua fotografia esplendorosa em preto e branco, como pelas antológicas interpretações e a apurada direção de arte, que teve a felicidade de utilizar a maior parte das geringonças elétricas dos clássicos filmes da Universal, os mesmos aparelhos futuristas que antes foram fotografados pelas lentes de James Whale.


Convenhamos, um bom filme envolve sempre grandes personagens e um talentoso elenco para dar vida (‘Give my creation… life!’). Nesse caso, Mel Brooks acertou em cheio na direção dos atores. Gene Wilder, um dos maiores talentos de seu tempo, um comediante aclamado pelo sarcasmo e ironia de seus personagens, recria um filho do Dr. Frankenstein de temperamento alucinado e histérico capaz de arrancar gargalhadas dos espectadores a todo o instante em que aparece – quase sempre aos berros – na tela. Já o Monstro, portador de um cérebro anormal em busca de amor e que, ao decorrer da história vai aprendendo a falar e se expressar como os outros, ganha a interpretação sensível de Peter Boyle. Mas o destaque mesmo é Marty Feldman na pele do ajudante de cientista louco, Igor. A interpretação de Feldman é exagerada, carregada de trejeitos e maneirismos que fazem referencia aos ajudantes criados por Bela Lugosi em O Filho de Frankenstein (1939) e o teatral Reinfeld interpretado pelo sempre coadjuvante Dwight Frye em Drácula (1931). A belíssima trilha sonora original fica a cargo do genial John Morris. O músico realizou uma vasta pesquisa para compor como um compositor de trilhas daquela época faria, usando os instrumentos certos para criar o ambiente misterioso e soturno do filme.


Não deixe de conferir esse marco do cinema satírico! O melhor é que você encontra esse DVD por um preço baixíssimo nas lojas de departamento. É só garimpar!

 

 

por Thiago Mattar

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